...
- O mundo é dos vencedores, Gil. Vencedores. Os
vencedores são fotografados. Os vencedores são contemplados, admirados,
reconhecidos, amados. Você já viu algum documentário sobre um perdedor? Por
exemplo, você acha que se o Barrichello morresse na pista, haveria toda aquela
comoção e tristeza que ocorreram quando o Sena se foi?
- Como eu já
disse, Dust: eu me considero uma vencedora. Aliás, eu SOU uma vencedora! Olhe a minha formação
acadêmica, minhas quatro “pós”, meu cargo, minha posição social, minha
estrutura famili...
- O SEU PROBLEMA, Gildete, é que você é FEIA!
Até o momento, as pessoas do grupo assistiam à
discussão com uma curiosidade juvenil. Mas, com essa do Dust, começaram as
gargalhadas da turma. Quase todos os homens do grupo adoravam o Dust. A mulherada
evitava. Neste caso, pelo visto, as meninas viraram fãs de carteirinha do cara,
obviamente, por detestarem a Gildete, que era tida como “metida a besta”,
arrogante e imponente. Ou seja, o inimigo do meu inimigo...
A Gil e o Dust já se conheciam há muito tempo.
Foram vizinhos na infância, pegaram
algumas matérias de faculdade juntos e até trabalharam no mesmo setor. Gil
sabia bem onde estava se metendo, mesmo assim, pelo fato de considerar-se uma
mulher bem resolvida, com uma autoestima elevada e psicologicamente inabalável,
achava, até esta noite, que conseguiria ter uma conversa franca com o Dust, sem
sair dela destruída.
- Dust, eu sei que eu posso estar um pouco acima do
peso, mas isso...
- NÃO é isso, Gil. Eu acho que não fui claro. Existem
aquelas gordas que, se fossem magras, seriam bonitas. As pessoas comentam sobre
elas sempre da seguinte forma: “Oh, mas ela tem um rosto liiiindo! só precisa
emagrecer!” Mas não é esse o seu caso, Gil. Você não é só gorda. Você é feia!
FEIA!
Lembro que eu estava muito incomodado, prevendo que o
Dust estragaria o aniversário da Madalena. Festa bacana. Jantar gostoso,
pessoas alegres. Até Dj a Madá contratou. Eu tentei intervir no
papo, mas a mesa era grande e o Dust estava do lado oposto ao meu. Gil estava do meu lado. Cochichei duas vezes, no ouvido dela: “Deixa de papo com esse
doido!”. Mas ela insistia. Que mulher!
- Dust, querido, você não sabia que beleza é um
conceito relativo?
- Não acho não. Pra mim, isso aí é conversa fiada. É
claro que há uma margem de subjetividade na questão da beleza, mas
relativamente a qualquer padrão estético de referência existente, você é FEIA!
Seu nariz é enorme, seus olhos são separados como os de um tubarão martelo,
seus traços são grosseiros, você não tem bunda, seu corpo é quadrado e a sua
gordura se acumula nos piores lugares possíveis pra uma mulher, te dando esses
brações de baiana do acarajé. Até o seu nome é feio. Gildete. Nome de pobre,
favelado. Aposto que o nome do seu pai é Gildo e o da sua mãe é Nete, ou Bete,
ou Janete...
Mais uma vez, a gargalhada tomou conta da mesa. O
Pezinho e o Chuck já choravam de rir... Eu fechei os olhos e esperei a merda acontecer.
Daí comecei a mexer no celular, pra disfarçar o constrangimento que eu estava sentindo pela Gil, a qual, ainda assim, mostrava-se
tranquila e simpática. Não sei o que a motivava, mas ela continuava lá,
aparentando estar no controle da situação.
Ninguém está no controle quando lida com o Dust.
-Ha ha ha! Essa do meu nome foi boa! Querido, a beleza
não é a coisa mais importante do mundo. Existem outras áreas da existência
humana que são muito mais importantes do que a beleza física. Existem vários exemplos de pessoas que não se adequam a padrões de beleza contemporâneos e são muito bem sucedidas,
reconhecidas por sua competência, pelo seu valor. Existem pessoas que têm
princípios, Dust. Existem pessoas que, como eu, não deixam que essas superficialidades
afetem os seus princípios.
- Tá bom, Gil. Tá bom. Me dá um exemplo aí de uma
pessoa, ou melhor, de uma mulher que suplantou essa questão, com sua
competência, valor, princípio, ou seja lá que virtude for...
Neste momento, a atenção da Gil , assim como a de
quase todos, voltou-se para a entrada do salão. Seu olhar mirou a cena com a
precisão e apreensão de um atirador de elite. Seu rosto abandonou aquela serena
e zombeteira expressão de tranquilidade, passando a emitir farpas de desespero.
Ela abandonou os talheres do jantar e uma das suas mãos, trêmula e desesperada,
levou o copo de whisky à boca. Gil virou de um só gole. Um filete escorreu
pelo seu queixo.
- A A A NO-NOSSA presidente é um bom exemplo, Dust.
U-U-Uma mulher que tem história, que lutou contra a ditadura, foi presa, foi
torturada, deu a volta por cima e se tornou uma das mulheres mais importantes e
poderosas do mundo.
- Bom exemplo, Gil. Ô Pezinho! PEZINHO! PEZINHO!!!
- Ôpa!!! Fala aí, negão.
- Você se casaria com a Dilma?
- Que Dilma? A presidente?
- Sim, Pezinho. Essa mesmo!
- Que nada, negão! A Dilma é feia pra caralho!
Às vezes, conversar com o Dust era como torcer pra um
time cheio de craques que estavam em um péssimo dia e não acertavam uma jogada
sequer. Ele parecia manter um hobby: perfilhar entendimentos levianos sobre
assuntos complexos, discutindo assuntos sérios de forma irônica e debochada.
Mesmo assim, esse comportamento detestável acabava atraindo a curiosidade das
pessoas. Se o Dust fosse apenas um idiota,
seria fácil ignorá-lo ou achar graça, mas as pessoas ficavam muito intrigadas
com ele, visto que era um cara notável e nitidamente inteligente, ou melhor,
genial. Perto dele, as pessoas sempre queriam ouvir mais, entender mais,
observar mais, pois sentiam que estavam sendo conduzidas para um desfecho
fantástico. Geralmente trágico, é claro.
- Dust, querido.... O-O-Olha com que grau ... GARÇOM!
GARÇOM! POR FAVOR!!! ... Olha com que grau de estu-tu-tupidez você está
tratando esse assunto. Você é inteligeeente... Sabe que esta forma de
argumentar é ridícula e essa ideia que você está defenden...
- GIL, entenda uma coisa: eu não estou defendendo ideia nenhuma. Eu apenas estou des-cre-ven-do, entenda: DES-CRE-VEN-DO os
valores predominantes na nossa socie...
Foi fácil identificar o que havia causado tamanho
choque na Gil:
Deus havia acabado de chegar.
Acompanhado... Que engraçado... Todos achavam que,
nesta festa, um relacionamento
tornar-se-ia público: Gildete e
Deusivaldo. Segundo a “rádio corredor”, eles andavam muito grudados desde que a
Gil virou gerente regional e passou a conviver mais com os sócios da empresa
(da qual Deus era o majoritário). Porém, Deus adentrou o salão acompanhado de
uma bela jovem: Verônica, a nova recepcionista.
- MA-MA-MAS VOCÊ tem certeza de que esses valores são
realmente importantes pra MIM? TEM CERTEZA de que eu realmente me
inco-co-comodo com o fato de não ser uma mu-mu-mulher com traços físicos que
não se enquadram em um padrão universal es-es-estúpido?
- Tenho!
Verônica, a nova recepcionista,
havia sido indicada para o cargo pelo Dust. Era prima dele, na verdade. Dust
adorava ela, no sentido familiar mesmo. Naturalmente, quando os funcionários mais
“dispostos” ficaram sabendo disso, o procuraram, imediatamente, na tentativa de
articular uma “prospecção”.
Dust mandou todos pro inferno.
- HA ha ha! Querido... E-e-existem homens... Tipo
assim: HOMENS DE VERDADE!!! Que enxergam uma mulher como muito mais do que um
pedaço de carne, como muito mais do que um rostinho harmônico encabeçando um
manequim com peitos e bunda salientes. E-e-existem homens, Dust... HOMENS DE
VERDADE!!! Ti-ti-tipo assim... Que sabem reconhecer e dar valor a uma mulher
não pelo seu corpo, mas pelo seu caráter, pela sua inteligência, pela sua
coragem. São poucos, Dust. Mas ELES EXISTEM E SÃO HOMENS DE SUCESSO!!!
- Gil, o
problema é a boa e velha natureza excludente do sucesso, que é basicamente a
mesma da beleza. Esses seus homens bem sucedidos adquirem coisas que nem todos
podem ter...
Deus e Verônica, a nova recepcionista, estavam
sorridentes, animados, exuberantes. Cumprimentaram algumas pessoas e ocuparam
uma pequena mesa, lá no cantinho do salão.
Verônica, a nova recepcionista, já chegou conquistando o título de comentário
da festa. Seu corpinho curvilíneo, seu vestidinho coladinho e seu decote
hipnótico fariam o Pezinho levar dezenas de beliscões da Arlete,
ao longo da noite.
- MAS que-que-querido, você sabe a definição de
sucesso que é válida pra mim?
- Não precisamente. Claro. Mas te conheço o suficiente
pra saber que essa sua definição de sucesso contém um aspecto que só lhe traz e
continuará trazendo infelicidades, Gil.
- Por quê?
- Pois desvaloriza tudo que você é e conquistou com
esforço e sacrifício, concentrando-se naquilo que o destino, o mero destino lhe
atribuiu. Você é um pessoa especial, Gil. Sei disso. Mas algumas das suas
principais convicções são tão rasteiras quanto as da maioria. O SEU homem de sucesso procurará uma mulher
de sucesso e o sucesso dessa mulher tem a beleza como um dos seus pilares. É um
pacote, Gil, entenda. Olhe as propagandas de carros, de relógios, de imóveis...
Aliás, olhe qualquer propaganda. Tem alguma mulher feia como você fazendo?
Nãããão. Tem sempre uma mulher bonita. Um homem de sucesso compra um carro caro,
mora em uma cobertura e tem uma mulher bonita e com sorriso de princesa. Em
suma: você está fora do kit básico do sucesso que persegue!
Deus e Verônica, a nova recepcionista, já estavam na
maior empolgação. Sorrisos reluzentes, olhares carinhosos e drinques coloridos.
Deus já estava “cheio de mãos”, todo derretido, "com os quatro pneus arriados”.
Mas Verônica, a nova recepcionista, se comportava de forma discreta e contida. Ela sabia que uma vitória
é mais saborosa quando envolve esforço. Esforço e sacrifício: tempo.
- Dust,
vo-vo-você não me... GARÇOM!!! ...você acha que
me conhece ma-ma-mas... Eu sou uma mu-mu-mulher que tem princípios. Não
me aba-ba-balo com essas superficialidades!
- Gil, eu não estou querendo dizer que essas
“superficialidades” afetam os seus princípios. Seus princípios podem continuar
inabaláveis, mas o mundo gira independentemente da sua vontade , dos seus
princípios. Um princípio, na prática, não serve pra quase nada. Eu estou
afirmando que essas superficialidades afetam VOCÊ! Viver em grupo implica em
estar exposto às opiniões, preferências, atitudes e desejos dos outros. E o
fato de os outros acharem você FEIA te afeta sim. E muito. Você também se acha
feia e se incomoda com isso. Tanto é que tenta compensar na roupa e maquiagem, o que acaba piorando... Olha esse seu vestido, por exemplo, parece que foi feito com toalha de mesa de
cartomante. A sua maquiagem.. Meu Deus... parece com a da dupla Patati Pata...
Mais uma vez, as gargalhadas foram tão sonoras que nem
deu pra ouvir o final da frase. O Pezinho se engasgou com a cerveja e não
conseguia decidir se tossia, gargalhava ou vomitava de uma vez. A Gil
continuava mantendo um sorriso no rosto, mas era evidente que isso estava
sendo artificial e extenuante. Muito custoso. Era uma musculação facial e a
fadiga já deixava esses músculos trêmulos. Pensei no quanto aquelas candidatas
a miss isso ou aquilo devem treinar pra conseguir manter um sorriso no rosto
por tanto tempo.
- DUST, DE-DEIXE DE SER IDIOTA!!! Você deve estar achando
que sou superficial como as PUTINHAS E PIRIGUETES que você conhece! Eu sou u-uma
mulher educada, sofisticada, culta. Eu não me importo se você, o Pezinho, o
“nãoseiquenzinho”, o pessoal do trabalho ou a PUTA QUE TE PARIU me acham feia!
Você acha meeeesmo que uma mulher como eu sofreria por conta de uma MERDA
dessa?
- Hummmm... Não ACHO que sofreria... Eu tenho CERTEZA de
que SOFRE. E está sofrendo NESTE EXATO MOMENTO.
Dust contextualizou essa última
frase com uma expressão corporal dotada de um sarcasmo completo: franzindo a
testa, , abaixando a cabeça meio de lado, coçando disfarçadamente a nuca com o
dedo indicador e olhando na direção de Deus. Todos da mesa olharam naquela
direção. Deus e Verônica, a nova recepcionista, estavam no meio de um beijo
longo e cinematográfico, ao som de uma música envolvente, sensual, na voz da
Shakira. Gil, sem virar a cabeça, deu uma olhadela que durou apenas um milésimo
de segundo. Ela passou a falar baixinho, mas com a voz trêmula e carregada de
ódio. Os lábios tão serrados que pareciam apenas um linha feita a lápis. Seus
olhos brilhavam, molhados, suas mãos não sabiam onde se enfiar. À
beira do abismo. Ninguém riu.
Yo
soy loca con mi tigre
Loca, loca, loca
Loca, loca, loca
- E co-co-como você concluiu isso, querido?
- Eu já estou indo embora, Gil. Estou morrendo de
sono...
- Ago-gora eu quero ouvir, Dust.
- Gil, você já bebeu demais. Eu acho melhor...
- Vo-vo... Vo... Você pode conversar comigo, querido.
Eu estou tranquila.
Claro que o Dust não
conseguiria conter o ímpeto de destruir a coitada de uma vez por todas, mas
essa tentativa de esquiva evidenciava uma evolução. Pelo menos, ele demonstrou
algum tipo de ponderação, talvez um esboço rudimentar de inteligência
emocional. Seria até possível afirmar que nesta época da sua vida, o Dust
passou a se preocupar, mesmo que de forma ínfima, com a integridade psicológica
do outro (e física dele mesmo).
Soy
loca con mi tigre
Loca, loca, loca
Loca, loca, loca
- Tá bom, Gil. Já que você insiste na conversa, eu
quero te falar uma coisa: você pode achar que a Verônica é uma piriguete, putinha
e tudo mais. Só que ela tem uma virtude, Gil, uma virtude básica, instintiva e
visceral. Uma virtude que você, com todo seu conhecimento, estudo e sofisticação
não possui, ou, se possui, não pratica. Ela entende, aceita e LIDA com suas
próprias limitações. Conhece as vantagens e desvantagens de ser quem é. Ela mal
sabe fazer uma conta de dividir com três algarismos, mas estudou muito as
cartas que a vida lhe deu no dia do seu nascimento. Por isso, quando entra em qualquer jogo,
entra pra ganhar.
Soy
loca con mi tigre
Loca, loca, loca
Loca, loca, loca
- Que-que-quem aqui falou da sua prima, querido? Eu
não dou a mínima pra sua prima. Quer dizer, a-a-até gosto de-de-dela. A-a-agora...
Tipo assim... O que eu não aceito é que...
- GIL, o que você não aceita é o fato de que os homens
prefiram a Verônica recepcionista de quatro do que você de oito com suas quatro
pós...
Vocês podem não saber, mas
muitos assassinatos acontecem com o uso de garfos e facas, destes de cozinha mesmo. Pode
dar um “google” que você vai ver.
Um assassino de garfo e faca
deveria ter uma atenuante expressiva sobre as consequências do seu ato. Talvez
um suporte psicológico. Uma cela especial. O assassino de garfo e faca é apenas
uma pobre alma que experimenta o infortúnio de um tormento insustentável que o
priva da capacidade de fazer ponderações. É uma pessoa comum movida por um impulso tão visceral, instintivo e incontrolável que a faria trocar toda a
riqueza, alegria e
prazeres do mundo pela simples chance de esganar seu desafeto, mesmo que isso a condenasse a uma
eternidade de punições.
Quando a Gildete livrou-se dos
saltos altos, eu imaginei que o Dust seria alvo de uma bela sapatada. Foi então
que ela subiu na mesa, usando a própria cadeira como degrau...
Todos ficaram tão perplexos que demoraram a
perceber que ela estava armada com um garfo e uma faca. Quando uma voz feminina
gritou “ELA VAI MATAR ELE!” era tarde demais. A música cessou. Achei que o Dj já
havia notado que ia rolar uma confusão. De repente, berrou uma sirene
estrondosa... E a Anita começou:
Prepara
Que agora
É hora
Do show das poderosas
A Gil deu um passo curto sobre
a mesa, na direção do Dust, que estava do outro lado, mas, ao tentar o segundo passo, escorregou na toalha e projetou-se
pra frente, caindo em cima dele. A cadeira espatifou-se. Dentre gritos, pratos
e taças quebrando e pessoas correndo para apartar a briga, consegui ver que a
Gil havia aplicado, certamente sem querer, uma posição muito conhecida no MMA.
O Pezinho reconheceu isso e gritou “É UM MATA LEÃÃÃO!!!”
Solta o som que é pra me ver
Dan-çan-do
Deu trabalho pra arrancar a Gil
de cima do Dust. Foram vários intervenientes. Ela se debatia como uma uma
dessas garotas possuídas, dos filmes de exorcismo. Quando conseguiram sentá-la
a força numa cadeira, a Arlete derramou um copo d’água na cara dela e deu-lhe
alguns tapas em ambas as bochechas: “ACALME-SE, GILDETE! CONTROLE-SE!”. Gil chorava e soluçava compulsivamente.
Coitada.
Até você vai ficar
Ba-ban-do
Mas a maior preocupação era com
o Dust. Ele estava muito zonzo, pois havia
batido forte a cabeça no chão e sofrido alguns ferimentos nos braços,
defendendo-se das facadas e garfadas. Sentia muita dor. Foram necessários uns
dez minutos para que ele conseguisse se levantar do chão.
Dust levaria três pontos no
antebraço esquerdo.
Depois desta movimentada noite,
a Gildete ficou uma semana em licença médica e foi destituída do cargo de gerente
regional,sendo transferida, após algumas semanas, para São Paulo, como gerente
de área. Pelo visto, Deus, que presenciara o incidente, não a perdoou pela insanidade.
O pessoal da empresa até criou
um novo apelido pra ela: “Gil-Jitsu”. Além disso, volta e meia alguém brincava
com o Tchutchuco, colega de trabalho religioso que praticava essa arte marcial:
“Cuidado, Tchutchuco! Gil-Jitsu não é de Deus”.
Por falar em Deus, ele casou-se
com Verônica, a recepcionista. Tiveram dois filhos e, da última vez que soube,
moravam no Rio de Janeiro.
Dust hoje é casado e mora em
Brasília. Nunca me telefona. Não tem facebook. Eu envio email, ele não
responde.
Gildete continua feia.